Se o seu dia está ganho, o nosso não está.
A Bruxaria Draconiana não nasceu de um sofá gostoso nem de um chocolate quentinho. A Bruxaria Draconiana nasceu de gente traída, machucada, tacando fogo num templo que os traiu e buscando achar um espaço em que não fossem tratados como estrangeiros em sua própria casa.
A Arte e o Método de trabalhar com Dragões não veio de livros escritos por picaretas pra ganhar dinheiro, muito menos de gente carente que quer amiguinhos com a profundidade de um pires. A maneira que usamos para obter nosso conhecimento nunca foi escrita, e os guardiões desse conhecimento se fecham em copas para que o ser humano não obtenha sequer um vislumbre disso.
Nosso mundo poderia ser um paraíso, mas é um lugar muito desagradável. Temos um genocida no poder, ladrões no congresso, mercadores se fingindo de bruxos e absolutos abortos emocionais se dando ares de professores. Dentro da Bruxaria, que deveria receber os párias, os despossuídos, os diferentes de braços abertos e dar a eles um lugar para chamar de seu, temos panelinhas de gente pequena e mesquinha querendo dizer quem pode participar do clubinho ou não.
E os ditos bruxos, aqueles que deveriam beber o conhecimento à largos goles, os que deveriam buscar poder em cada sombra e erva, ah os bruxos! Esses ficam com os glúteos adiposos nas cadeiras e sofás puídos, frequentando lives que tem mais em comum com pirâmides financeiras do que com magia, e ouvindo o balbuciar inanos de “velhos” com toda a maturidade de uma caricata personagem de um folhetim. Observam o rio correr tela abaixo, feeds sobre feeds sobre feeds, vouyeurs de uma beleza que nunca tocarão – não porque não desejam, mas porque a letargia de suas vidas ocas não permite.
A Bruxaria Draconiana exige ação, transformação, e protagonismo.
Se o seu lugar é em rodas de fofocas, ou você se contenta em ser uma esponja carcomida que tudo suga e nada contribui, vá para junto dos seus, pois aqui não encontrará nem sorrisos nem simpatia. Temos muito o que fazer e não vamos gastar nosso tempo com gente inútil.
Advogado, tradutor, carioca, 48 anos e morador de São Paulo. Há quase vinte anos atrás, sacerdotes e sacerdotisas me levaram para um templo entre mundos e me trouxeram de volta à vida – desde então, entre o staccato dos trovões, o tilintar de taças e um coral de risos eu faço meu ofício e desempenho meu papel entre os filhos dos Deuses Antigos.