Bruxaria Draconiana

Um lugar para falar de Bruxaria, Dragões, e Religiosidade.

Dragões Elementais

Como dividir os Dragões em elementos? Afinal, eles se ligam a elementos específicos?

Essa é uma boa pergunta, e que frequentemente vem sido colocada a nós quando encontramos bruxos e bruxas habituados com magia elemental. É uma pena que a resposta revele mais sobre quem busca classificar Dragões do que sobre belos e elementares rótulos sobre esses seres majestosos.

Há pelo menos uma década, há uma tendência bastante reducionista e tola em insistir em catalogar Dragões com base em seu “elemento regente”. Isso faz tanto sentido quanto catalogar Bruxos pelo seu sabor de sorvete predileto, ou autores pelo número de revisões exigidos pelos seus editores. Elementos, conforme definidos e adotados pela maioria das Tradições de Bruxaria e Ordens Mágickas, são apenas ferramentas para os Dragões.

Posso te catalogar pelo tipo de garfo que usa? Claro que posso! A pergunta é, qual a utilidade disso? Qual o objetivo verdadeiro desse Pokédex além de vender livros e permitir a reciclagem de qualquer material publicado sobre elementais sob uma bela capa de “Dragões” para vender mais…?

Dragões não são seres elementais “vitaminados”. Dragões existiam antes dos “elementos” que vocês tanto gostam e se referem para tentar fazer sentido da existência, sob uma simbologia mágicka rasa e entediante. Longe de ser algo tão universal quanto pintam, a divisão da existência em quatro elementos é apenas mais uma moda grega que a civilização ocidental resolveu adotar.

Ar, Terra, Água e Fogo, os elementos ditos “universais” para a magia. Será?

Para responder a esta pergunta, é necessário buscar a origem dessa tão popular maneira de resumir o universo. Claro, sabemos que essa divisão caiu no gosto da Magia Cerimonial no séc XIX, e que foi amplamente difundida por autores Wiccans da costa leste americana, mas seria isso suficiente para a adoção cega a este sistema? Não na Bruxaria Draconiana, onde absolutamente tudo é testado e aplicado antes de receber o “carimbo”, o “imprimatur”, por mais que nos afeiçoemos ao proponente e sua obra.

O grande responsável pela tese dos quatro elementos foi Empendôcles, por volta de 5 a.C, desenvolvida sobre a ideia de arche, ou primeiro princípio, e mais tarde estendida para a existência de um quinto elemento por Aristóteles.

Por outro lado, ao estudar os 96 tattwas da Medicina Tâmil, chegamos a cinco elementos um tantinho diferentes: sólidos, fluidos, radiância, gás e espaço. Ao consultarmos a Medicina Ayurveda, chegamos a três princípios que combinam os elementos (dosha); no budismo solidez/atração, liquidez/movimento, calor/energia, e expansão/repulsão.

Na China, os elementos desenvolve uma maior complexidade dentro de sistemas de alimentação e destruição que consideram água, madeira, fogo, metal, e terra, No Japão, encontramos terra, ar, fogo, água, e vazio.

Na idade média ar, fogo, terra, ar, enxofre, e mercúrio. Entre os muçulmanos, os quatro elementos gregos se associavam a calor, frio, secura e umidade.

Atualmente, a tabela periódica.

Universalidade? Não exatamente. A predominância do sistema de Aristóteles se dá pelo mesmo motivo que os menos esclarecidos imaginam a democracia grega como um modelo a ser seguido sem alterações, assim como o sistema de tese, antítese, e síntese ter uma aplicabilidade universal a qualquer conhecimento: Uma grecofilia galopante.

Brincadeiras à parte, a divisão em elementos como tijolos lego para o universo não encontra eco na Bruxaria Draconiana; os elementos são “momentos”, “fases” de certas forças, e não uma simplificação infantil de algo cuja complexidade e variedade é uma celebração viva de Tiamat e suas infinitas faces. Por consequência, não adotamos aspectos elementares para Dragões, que são tudo…. menos elementares!

1 comentários em “Dragões Elementais

  1. Parabéns pelo Post, eu digo mais… Digo que muito do “pensamento mágico” que vemos atualmente está preso ao ideal grego. Logo quando adentramos à um culto com cultura que não tenha em seu cerne o pensamento estrutural filosófico grego, o adepto tem que se despir dessas estruturas para começar a entender, viver e ver.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *