Coerência Natalina
Muito se fala e se discute entre os Pagãos de como os cristãos “roubaram” o natal, a páscoa e outras tantas festas. Engrossam o coro os ateus, os historiadores, e mais uma pá de gente que não se intimida por séculos de mentiras e lavagem cerebral.
O pior que é tudo verdade, e aquela verdade doída, onde se percebe o quanto de mal os “bem intencionados” podem fazer aos outros. Roubaram algo maior do que as datas e os nomes: tentaram se apropriar do espírito das festas, dos nossos valores, da comunhão alegre que nos permeia e transformar em um aniversário de uma maldita ovelha vampira egrégora parasita que só espalha a vergonha e a ignorância.
O roubo foi tão bem feito que hoje nos olham de maneira estranha quando dizemos que fomos roubados. Pior ainda quando exprimimos aquela tristeza por tudo que perdemos sem a chance de vivenciar. E ao nosso redor a síndrome de estocolmo é tão grande que tem gente que por dentro bate palma e pergunta “e daí”.
E daí que roubaram nossos festivais?
E daí que massacraram nossos sacerdotes?
E daí que subverteram tudo que nos era sagrado com sua fé simplória e prêt-à-porter?
Foi tudo à tanto tempo, não é mesmo?
E daí, nós dizemos, que nos recordamos e não tratamos ladrão como amigo nem amigo como ladrão. Vamos deixar claros, de uma vez por todas: Não somos cristãos. Que isso reverbere no íntimo de cada Pagão que hoje se encontra nessa casa. Que se lembrem que a senhora desta casa não acha bonitinho ou adorável as canções de natal, a hipocrisia e a falsidade tão comuns nesta época do ano.
Não precisamos que nos deem permissão para nos cobrirmos de presentes nem para nos fartarmos de rabanadas e outros quitutes. Entendemos que nossos familiares e amigos, ignorantes de suas correntes, mesmo sem serem cristãos nos deem presentes nesta data e que retribuamos em carinho e em amor. Só que temos a obrigação moral, religiosa e mágicka de sermos coerentes.
Quando recebemos o solstício de verão de braços abertos, gratos com o que possuímos, isso engloba o que veio e o que virá. Não é para sermos crianças birrentas discutindo o número, valor ou espécie dos presentes que recebemos ou não. Sejam vigilantes nas suas promessas, meus queridos: o inimigo espreita por trás de sorrisos e votos inofensivos.
Em amor,
Advogado, tradutor, carioca, 48 anos e morador de São Paulo. Há quase vinte anos atrás, sacerdotes e sacerdotisas me levaram para um templo entre mundos e me trouxeram de volta à vida – desde então, entre o staccato dos trovões, o tilintar de taças e um coral de risos eu faço meu ofício e desempenho meu papel entre os filhos dos Deuses Antigos.