Quem somos
Há muito tempo atrás, em uma terra nada distante, mas oculta aos olhos dos homens, havia uma ilha abençoada. Nesta ilha um casal de sacerdotes e seus Dragões se ocupavam de guardar um culto aos Deuses Antigos e curar aqueles que chegavam mais mortos do que vivos àquela ilha, e ensinar o caminho dos Antigos Deuses aos que sobreviviam ao processo de cura.
Naquela ilha, dentro do círculo de pedras, todos eram irmãos, e todos tinham uma ocupação. Caminhavam ao lado de Fadas, Elementais, Ancestrais, Heróis, Deuses e Semi Deuses. Sem pretensão o inexplicável e o impossível eram feitos, e a mão da maior de todas as Deusas fazia-se sentir na vida de todos que lá estavam.
Até que um dia, seja pelo desígnio dos Deuses (como contam uns) ou por um ato de profunda vilania (como querem outros) as brumas fecharam-se sobre tal ilha. Alguns se foram deste mundo com o caminho para tal ilha; outros saíram de lá com pequenos alforjes e capas escuras como a noite em direção a caminhos que só eles viram.
Neste caminho, um casal de sacerdotes desta ilha pisou na terra de Gaia, onde viram grandes belezas e terríveis verdades. Nesta terra, embora os Antigos Deuses caminhassem ao lado dos homens, estes não os ouviam. Estes eram liderados por mercadores que se travestiam de sacerdotes; por ovelhas que se fantasiavam de lobos, dragões e todo tipo de criatura. Alimentavam os filhos dos Deuses antigos com esterco e tripas e isto era vendido como ambrosia.
Em toda parte havia se esquecido do riso dos Deuses e de seus ensinamentos. E entre aqueles que ainda se ocupavam do culto dos Deuses, brigavam como crianças, por lugares que não lhes pertenciam ou por vidas que não eram as suas. Por aqui e acolá, crianças dos Deuses perdidas buscavam conhecê-los sem que os sacerdotes experientes lhes dessem atenção.
Este casal de sacerdotes, ao ver tudo isto fez o que sempre fazia nestes casos. Voltou-se ao céu estrelado que é uma das faces de sua mãe, e ao perguntar sobre o caminho que deveriam tomar, viram e ouviram algo que imbuiu seus espíritos de força e alegria. Foi-lhes oferecido a chance de trabalhar pelos filhos dos Deuses, em confiança e humildade, caminhando ao lado dos que se encontravam nos caminhos do mundo.
A casa em que tantos se abrigam não possui paredes para que sejam derrubadas ou teto menor que a abóbada celeste. Possui comida e bebida que nunca se esgota, para aqueles que detém as chaves da cozinha; risada e alegria em todos os seus salões. A casa, que fica sobre a terra mítica de Hy-Brazil, possui suas portas permanentemente abertas aos que buscam os Antigos Deuses com o coração leve e os olhos atentos.
Esse é o G.C.A; somos um círculo Pagão, que cultua os Antigos Deuses, estruturado como escola de mistérios e que deseja apenas reunir homens e mulheres que queiram vivenciar o Paganismo como alternativa religiosa, sem que isto seja sinônimo de qualquer outra coisa que não seja religião, alegria e evolução.
Enquanto círculo, não somos vegetarianos, não somos ambientalistas, antifas, e etc. Somos Pagãos em primeiro lugar; todo o resto são escolhas pessoais que nada tem a ver com nosso culto.
Aprendemos a caminhar o caminho que nos foi legado em alegria e sabedoria; não acreditamos em um Paganismo em que os únicos valores sejam mensurados em Reais – para isto existem outros caminhos inúmeros. Acreditamos que os Antigos Deuses nos legaram um belo caminho, a ser desfrutado entre família e amigos; acreditamos que o Pagão não deva ser refém dos medos e do desconhecimento da sociedade capitaneada pelas fés abraâmicas. Acreditamos em valores religiosos que trabalhem em prol da humanidade, e não contra a mesma. Acreditamos que a religião não precisa ser sinônimo de ignorância e fanaticismo.
Advogado, tradutor, carioca, 48 anos e morador de São Paulo. Há quase vinte anos atrás, sacerdotes e sacerdotisas me levaram para um templo entre mundos e me trouxeram de volta à vida – desde então, entre o staccato dos trovões, o tilintar de taças e um coral de risos eu faço meu ofício e desempenho meu papel entre os filhos dos Deuses Antigos.